2.
3. Ajax tomando Cassandra, c. 440–430 a. C. Louvre
4. Cassandra e Ajax- ânfora de terracota, c. 450 a. C.
5.Ajax,
o Menor, em Tróia, arrasta Cassandra de Palladium diante dos olhos de Príamo -
mural romano da Casa de Menandro, Pompeia.
Ájax conhecido como Ájax, o
Menor ou Ájax, o Lócrida é filho de Ileu, rei da Lócrida, e provavelmente de
Eriópide, citada na Ilíada como esposa de Ileu e madrasta de Medonte, filho
bastardo de Ileu.
Liderou um destacamento de
lócridas, durante a Guerra de Troia, desempenhando um papel importante.
Foi um dos guerreiros que se
ocultaram no interior do cavalo de madeira (Cavalo de Troia) e abriram os
portões da cidade de Troia, para a entrada do exército grego.
Dentro do palácio real,
encontrou a princesa Cassandra junto do altar dedicado à deusa Atena e abusou
dela.
Relatos posteriores referem que esse ato provocou a ira da deusa,
levando-a a pedir ajuda a Posídon, para que se vingasse da afronta, pelo que o
deus dos mares fez o guerreiro naufragar, na tempestade que se abateu sobre a frota grega, no
seu regresso à pátria.
No entanto outros afirmam que Ájax conseguiu escapar e após recobrar os sentidos, troçou de
Posídon por não ter conseguido matá-lo. Posídon irado ergueu-se das águas do mar com o seu tridente e
projetou o corpo de Ájax contra uma rocha.
6.Ilustração
em xilogravura da profecia de Cassandra sobre a queda de Tróia (à esquerda) e
sua morte (à direita), de uma tradução alemã do Incunábulo de Heinrich
Steinhöwel de De mulieribus claris de Giovanni Boccaccio, impressa por Johann
Zainer em Ulm ca. 1474.
7. Ajax
e Cassandra de Johann Heinrich Wilhelm
Tischbein, 1806
A cena mostra a profetisa Cassandra repreendendo
Helena, vendo-se Troia em chamas ao
fundo, demonstração metafórica de raiva.
10. Cassandra a profetizar.
11. Cassandra coloca-se sob a proteção de Pallas, Aimé Millet (1819-1891). Jardim das Tulherias. Paris
Cassandra
Cassandra ou Alexandra, como também aparece designada, era uma mulher capaz de envolver os homens.
Cassandra e Heleno, seu irmão gémeo,
eram filhos da rainha Hécuba de Troia e do rei Príamo. Quando crianças gostavam de brincar no Templo de Apolo. Um dia, cansaram-se tanto que acabaram por
adormecer no templo e aí passaram a noite. Nesse tempo, serpentes passaram a língua pelas suas orelhas, o que
lhes deu maior sensibilidade auditiva, tornando-os capazes de ouvir a conversa
dos deuses.
Com o passar dos anos, Cassandra tornou-se
uma mulher de uma beleza magnífica, servidora fiel de Apolo. A dedicação dela
era tanta, que Apolo enamorado ensinou-lhe os mistérios da profecia. No
entanto, Cassandra não correspondeu ao amor de Apolo o que enfureceu o deus.
Então Apolo resolveu vingar-se: como já não
podia tirar-lhe o dom de profecia que lhe tinha dado definitivamente, o deus
fez com as pessoas não dessem credibilidade às previsões de Cassandra, sendo a mesma tida como louca.
Desta forma, ninguém acreditou quando anunciou ao povo de Troia, em guerra com os gregos, múltiplas desgraças e catástrofes. Quando Páris nasceu, Cassandra profetizou que ele seria causa do aniquilamento de Troia.
A falta de confiança nas suas profecias levou à queda de Troia, depois de
Cassandra ter visto fracassar as suas tentativas de pedir a Príamo que ele
destruísse o cavalo de madeira, enviado por Ulisses a Troia, como oferenda aos
deuses, mas afinal com o objetivo de
vencer a guerra interminável.
Quando os gregos conquistaram Troia,
Cassandra foi dada a Agamémnon que com ela partiu para Micenas. Ao chegar,
entretanto, Agamémnon foi morto por Egisto amante de Clitemnestra, sua mulher, ou pela própria Clitemnestra.
Existem várias versões do mito e cada uma
difere da outra quanto aos acontecimentos.
Um
deles refere que Cassandra partiu para a Cólquida, e lá fundou, com Zakíntio,
uma nova cidade, já que ele tinha recebido dos deuses uma mensagem para que
fundasse um local unindo-se a uma sacerdotisa.
A Mulher na Grécia
A mulher na Grécia Antiga
tem um papel secundarizado.
Hesíodo proclama que a
mulher dotada de seduções é um calamitoso presente dos deuses aos homens. Com efeito, a mulher aos seus olhos é
Pandora.
Na Teogonia, refere Hesíodo:
“Dela
nasceu a raça e a sucessão maldita das mulheres
Flagelo
terrível instalado no meio dos homens mortais”
Avança que quem confia nas mulheres confia nos ladrões, logo terá que contar com os seus gastos, e com a sua futilidade e falta de vergonha.
No entanto, aconselha o
marido a dar atenção à sua mulher.
Com efeito, as mulheres,
sobretudo, as de condição nobre têm um papel importante em tempos de crise. Não
se confinam ao Gineceu e saem acompanhadas de servas para saber notícias ou
intervir.
Em casa, devem permanecer em
aposentos a elas destinadas, o Gineceu.
O contemporâneo de Homero ou
de Hesíodo pode ter uma ou mais concubinas, mulheres compradas ou prisioneiras
de guerra. Porém, só pode ter uma esposa, resultado do casamento, no qual se
efetuou uma troca cerimoniosa de presentes.
A mulher desposada não é
propriedade do marido, que é o seu senhor, pode puni-la, repudiá-la, matá-la em
caso de adultério, o que deve evitar para não se sujeitar à vingança da família
da mulher.
Um casamento entre grandes
famílias é, assim, um verdadeiro tratado, efetuado segundo um cerimonial
rigoroso.
Apesar do que foi dito,
surgem casos de esposas que se sentem ultrajadas e que se revoltam por diversas
formas. No presente mito, vemos Clitemnestra invocar o sacrifício que Agamémnon
faz da filha Efigénia, mas também o ciúme de o ver entender-se com Cassandra,
para tratar da sua vingança.
No entanto, as mulheres
nobres possuíam importância política, mantendo, quase, uma posição semelhante à
dos homens. Este facto é confirmado pelas esculturas e pelas pinturas da época.
Também as poetisas que
entraram em concursos de poesia em pé de igualdade com os homens, possuíam um
estatuto semelhante. Exemplo disso é Corina, poetisa arcaica da cidade de
Tanagra, que escreveu cinco livros (dos quais sobreviveram alguns fragmentos),
epigramas e poemas narrativos.
As sacerdotisas no período homérico,
arcaico e clássico, também mantinham uma posição privilegiada na sociedade,
sendo a função de sacerdote desempenhada tanto por homens, como mulheres.
É certo que transformações
ocorridas no período clássico determinaram alguma secundarização da mulher na
sociedade. No entanto, a existência de
mulheres como sacerdotisas manteve-se e o acesso ao cargo continuou a fazer-se, como anteriormente, com as mesmas prerrogativas
detidas pelos homens.
Cassandra em Ilíada de Homero
Canto XXIII
O cróceo manto já abrira na terra a solicita Aurora.
Guinado os corcés, à cidade chegaram, por entre gemidos,
Prantos e dores; os mulos seguiam com o corpo. Notado
Ninguém os tinha, nem Teucros nem Teucra de cinto
elegante.
Com exceção de Cassandra, tão bela quanto aura Afrodite,
Que da alta Pérgamo, o pai conhecera, de pá na carruagem,
Junto do arauto que tem por ofício apregoar na cidade.
Viu o cadáver, também. Sobre o leito que os muitos
traziam.
Soam por toda a cidade seus gritos e tristes lamentos.
”Vinde, Troianos e Teucras, a Heitor contemplar, esse
mesmo
Que, quando vivo, folgáveis de ver, ao voar dos combates,
Por ser o gáudio de Troia, por ser para todos um ídolo.
Homero, Ilíada (em verso) Tradução Carlos Alberto Nunes,
São Paulo, Ediouro, p. 376
Cassandra é figura central na peça de Ésquilo, Agamémnon.
Na peça As Troianas, de Eurípides, Cassandra, a virgem consagrada a Apolo, sacerdotisa,
A loucura de Cassandra expressa-se pela clarividência, que acentua o sofrimento e é
sublinhada pela ironia dos seus esponsais com Agamémnon.
No poema épico A Queda de Troia de
Quintus Smyrnaeus, Cassandra toma medidas físicas para evitar o desastre
fabricado pelos gregos.
17.A primeira página de Troilus e Cressida, impressa no
Primeiro Fólio de 1623.
Shakespeare baseou-se em uma série de fontes,
em particular na versão de Chaucer 's, Troilus e Criseyde, mas também no livro
de John Lydgate ' s Troy e Caxton,
tradução 's do Recuyell dos Historyes de Troye.
18. Cressida por Edward Poynter
Cena
III: Troia
Andrómaca
– Desde quando tem meu senhor tão mau humor para fechar os ouvido às
advertências? Tirai as armas e não luteis hoje.
Heitor
– Vós me obrigais a ofender-vos; entrai! Por todos os deuses eternos, eu irei!
Andrómaca
– Meus sonhos, ficai certo, pressagiam um dia funesto.
Heitor
– Basta, já disse
(Entra
Cassandra)
Cassandra
– Onde está meu irmão Heitor?
Andrómaca
– Está aqui, minha irmã, armado e cheio de intenções sangrentas. Uni-vos às
minhas veementes e ternas súplicas. Imploremos-lhe de joelhos, pois sonhei com
uma refrega sangrenta e passei toda a noite só vendo formas e imagens de morte.
Cassandra - É verdade!
Heitor
– Mandai tocar minha trombeta!
Cassandra
– Em nome do céu, meu doce irmão, que não seja toque de partida.
Heitor
– Ide embora, já vos disse. Os deuses me ouviram jurar.
Cassandra
– Os deuses ficam surdos aos juramentos temerários e violentos. São oferendas
profanadas, mais repulsivas do que as manchas nos fígados das vítimas
oferecidas ao sacrifício.
(...)
Cassandra
Schiller
O poema Cassandra de Schiller foi escrito no início de Fevereiro de 1802 e publicado no Taschenbuch für Damen für das Jahr 1803. Resultou da partilha de ideias entre Schiller e Goethe.
A alegria enchia os átrios
de Troia,
Antes de a grande cidadela
cair,
Por todo lado, soavam hinos
de júbilo,
Em cordas de ouro a luzir.
As mãos de todos repousam,
cansadas,
Após a lacrimosa contenda,
Porque o Pelida glorioso a
bela filha
De Príamo pede em casamento.
E, coroada de loureiros
tenros,
Em festa a multidão se
agrupa,
Para os templos se
encaminha,
No altar do Timbreu se ajunta.
Num abafado torpor, nas
vielas,
Espalha-se a báquica
alegria,
E, no abandono da sua dor,
Apenas um coração triste
surgia.
Sem alegria, na abundância
alegre,
Votada ao desamparo e só,
Em silêncio, vagueava
Cassandra,
Nos bosques de loureiros de
Apolo.
Nas profundezas mais
obscuras
Procurava refúgio a vidente
E, tirando a faixa de
sacerdotisa,
Irada, exclamou, veemente:
“A todos se abrem as portas
da alegria,
Todos os corações são
abençoados,
E os pais venerandos esperam
A minha irmã, de noiva,
adornada,
Só eu tenho de me penar
sozinha,
Pois de mim se aparta o doce
enlevo,
E, a aproximar-se das
muralhas,
Vejo a destruição em seu
segredo.
Um archote vejo a brilhar,
Mas não na mão de Himeneu,
Para as nuvens se encaminha
Mas não é oferenda ao céu.
Alegres se aprontam os
festejos
Mas, num augúrio funesto,
Já escuto a disputa dos
deuses
Que os destruem cruelmente.
E das minhas queixas
desdenham,
E escarnecem da minha dor,
Só, tenho de levar para os
desertos
O meu coração sofredor,
Sendo pelos ditosos evitada
E para os felizes um
escárnio!
Severamente me castigaste,
Pítico, tu, malévolo deus!
Para anunciar o teu oráculo,
Por que me enviaste à
cidade,
Onde habitam os cegos
eternos,
Se tenho o espírito
iluminado?
Porque me levaste a ver
O que não me é concedido
mudar?
O determinado tem de
acontecer,
O temido tem de se
aproximar.
De que serve levantar o véu,
Onde a tragédia se ameaça?
A vida vivemo-la no erro,
E o conhecimento é a morte.
Leva, oh!, leva a triste
claridade,
Leva de mim o seu brilho
sangrento!
Terrível é ser arauto fatal
Do teu conhecimento.
A minha cegueira, dá-ma de
novo
E o seu sentido alegre,
obscuro.
Não mais cantei canções
felizes
Desde a tua voz asseguro.
Deste-me o futuro de
presente,
Mas privaste-me do momento,
Levaste-me as horas felizes
da vida.
Toma de volta o teu falso
presente!
Jamais com as grinaldas
nupciais
Os meus fragrantes cabelos
coroei,
Desde que, ao desventurado
culto,
No teu altar me consagrei.
A minha juventude foi só
choro,
E apenas conheci a
desilusão,
Cada rude anseio do meu ser
Ruiu no meu sensível
coração.
Alegres se preparam os
festejos,
Tudo, à minha volta, ama e
vive,
Da juventude de alegres
prazeres
Resta-me o coração
destruído.
Em vão me aparece a
Primavera,
Para alegrar a terra
festiva.
Para quem a vê, nos seus
abismos,
A quem poderá alegrar a
Vida!
Felicito a ditosa Políxena,
Com o seu coração ébrio de
ilusão,
Pois ao melhor dos Helenos,
Núbil, espera dar a mão.
Orgulhoso, o seu peito
eleva-se
O doce anseio quase enlaça
Nem a vós, celestiais, lá em
cima,
Ela inveja, em seu abraço.
E também o vi aquele, que o
meu
Coração ansioso escolhe. (1)
Iluminados pela chama do
amor,
Os seus belos olhares
suplicam.
De bom grado partiria com o
esposo,
Para o calor da minha casa,
Mas, à noite, há uma sombra
estígea
Que, entre ele e mim, se
insinua.
Todos os seus pálidos
fantasmas
Me envia Prosérpina,
Por onde erro, por onde
vagueio,
Há espectros que me esperam,
Na juventude de alegres
folguedos
Interpelam-me cruelmente,
Num tumulto aterrador,
Nunca posso estar contente.
E vejo brilhar a espada
assassina,
E os olhos da morte brilham,
Nem à direita ou à esquerda,
Posso escapar ao pesadelo.
Não posso voltar os olhos,
Sabendo e olhando; sem
parentes,
Tenho de cumprir o meu
destino,
Caindo em terra de outras
gentes”.
E ainda se ouvem as suas
palavras,
Escuta! Num estrépito
confuso,
Lá longe, nas portas do
templo,
Jaze morto o grande filho de
Tétis!
Éris sacode as serpentes,
Todos os deuses fogem
E nuvens de trovões
abatem-se
Sobre Ílion
estrepitosamente.
Tradução de Maria do Sameiro Barroso
( 1) - Otrioneu ou Coribo
Comentário: Por ocasião do casamento da irmã
Políxena, Cassandra está triste, porque prevê um futuro negro. Ela própria, em A Ilíada, estava prometida a Otrioneu, em A Eneida de Virgílio, a Corebo, que ajudou Príamo, quando Troia se incendiou, mas acabou por morrer, quando tentava salvar a noiva.
Este poema, refere as insígnias de sacerdotisa que eram constituídas por uma faixa branca, atada na cabeça, da qual caíam fitas, de ambos os lados da face. No primeiro episódio da peça As Troianas de Eurípides, Cassandra, prevendo o futuro, também, arranca da cabeça as insígnias de lã, insígnias dos deuses.
A estrutura do poema baseia-se no monólogo de Cassandra no qual contrastam: o casamento de Políxena, irmã de Cassandra, e a destruição de Troia, ou seja a felicidade externa alterna com a capacidade da vidente que projeta os momentos de horror.
O poema irradia a alegria da festa de casamento que se vai realizar e com a qual terminará a guerra de Troia. A multidão dirige-se para o templo de Apolo, onde a boda se celebrará, mas Cassandra vai sozinha para os bosques de loureiros de Apolo. Na estrofe final, a festa acabou. Aquiles está morto, Troia está em chamas, e todos os outros deuses fogem.
O monólogo de Cassandra desenvolve-se entre as duas cenas. Ouve-se aí o seu lamento, em relação a Apolo e à infelicidade da sua vida. Enquanto todos se alegram, ela isola-se pois antevê a destruição que se aproxima.
No poema Das Siegfest (A festa da vitória), publicado em 1804, em Taschenbuch für Damen, Cassandra surge, junto às outras cativas troianas que se despedem, pesarosas, da sua terra natal, enquanto os Gregos celebrando a vitória se preparam para embarcar para a Grécia.
O poema incide sobre o preço que os vencedores têm de pagar pela vitória. Mesmo, para quem vence, a vitória tem um preço. A guerra destruíra os melhores: Aquiles e Pátroclo, do lado grego, e Heitor, do lado troiano. Nem todos os que regressam terão um acolhimento feliz.
Calcas invoca Atena; Ulisses, inspirado pela
deusa, prevê o final de Agamémnon, sucumbindo às mãos de sua mulher Clitemnestra,
porque o sacrifício de sua filha Ifigénia deve ser vingado.
A concluir o poema, Cassandra, expressando uma atitude de aceitação do destino humano: o homem, continuamente ameaçado pela adversidade, não pode fazer mais que viver o Carpe Diem, o dia de hoje:
De pó é todo o ser terreno
Como a névoa entre as colunas,
Todos os grandes terminam,
Só os deuses ficam de pé.
No cavalo do cavaleiro,
Nos barcos, pairam os medos,
Do amanhã nada sabemos.
No séc. III a. C., as
profecias de Cassandra foram tema de um
longo poema de Lícofon (330-325 a. C.), de Cálcis, na Eubeia. Alexandra ou Cassandra foi escrito por volta do ano 295.
O poema é constituído pelo
relato de um mensageiro. Após o nascimento de Páris-Alexandre, período no qual,
segundo algumas versões do mito, Cassandra começou a revelar os seus dons
proféticos, Príamo, teme os dons proféticos da filha e a troça dos
Troianos pelo que a manda encarcerar numa torre, vigiada por um guarda,
encarregando de registar as suas
profecias, que lhe deviam ser comunicadas.
O texto é de leitura difícil. Escrito na altura da Primeira Guerra Púnica, narra as primeiras vitórias romanas, na Grécia e antecipa o tema da glória de Roma, cantado três séculos mais tarde, por Virgílio, na Eneida. Nesta obra, é referido o noivado de Cassandra com Corebo, desfeito, pela morte deste. No Canto III, Eneias salienta como a profetisa predissera os feitos heroicos da sua raça, numa altura em que ninguém acreditava nela.
O poema Alexandra constitui
um documento histórico importante, pois reflete o impacto que a conquista dos
reinos helenísticos pelos Romanos provocara nos seus contemporâneos. Em termos literários, foi apreciado
pelos amantes da poesia entre os quais se contam o Imperador Adriano.
“Um jovem colocado à parte
escutava aquelas estrofes difíceis com uma atenção ao mesmo tempo distraída e
pensativa, e eu pensei imediatamente num pastor no fundo das florestas,
vagamente sensível a qualquer obscuro grito de ave”. (Margueritte Yourcenar,
Memórias de Adriano)
O grito de ave refere-se aos
primeiros versos do poema, nos quais o mensageiro, introduzindo o tema, conta
como Cassandra, após um grito confuso, profere palavras selvagens, imitando o
discurso da esfinge.
Este excerto de Marguerite
Yourcenar, em Memórias de Adriano mostra-se como o texto era apreciado pela sua
beleza, poesia e força profética.
Cassandra é identificada, por vezes, à pomba (vítima frágil de uma
ave de rapina, ou de um lobo, representado por Ájax, tema muito representado na
arte da Antiguidade). Por outro lado, simboliza, também, a andorinha, pela linguagem
profética ininteligível.
Entre os séculos XIV a XVI, a figura de Cassandra
é assimilada aos chamados Sibylenbücher, coletâneas de ditos proféticos
populares, sendo prática comum a sobreposição de Cassandra a figuras sibilinas. Entre
nós, temos um desses exemplos num Auto de Gil Vicente, Auto de Sibila Cassandra, representado no Natal, no início do século XVI. Cassandra
é assimilada à Virgem Maria, pela sua capacidade profética, detentora dos
mistérios primordiais.
Ao nível da ópera, no séc. XIX, Cassandra foi a figura central dos primeiros dois atos da ópera Os Troianos de Berlioz (1803-1869). O libreto foi adaptado pelo próprio compositor, a partir da Eneida de Virgílio. Os dois primeiros atos narram a tragédia de Cassandra, durante a queda de Troia, sendo exaltado o amor entre ela e Corebo. É uma obra monumental, com passagens que se harmonizam com o poema de Schiller, 12º estrofe, quando Cassandra diz a Corebo, no final do III Quadro do I Acto: Eh bien! Voilà ma main/Et mon chaste baiser d´epouse/Reste! La mort jaluose/Prépare notre lit nuptial demain.
O tema do homem, imbuído
da sua cegueira, ou vítima do destino, está patente, no II Acto, na Cena
IV, quando, chegando à Grécia e perante o destino que a espera, exclama: O sentido das coisas! / Ah! Sim, eles são
como fantasmas sem nome.
No início do séc. XX, é tema de uma ópera de Vittorio Gnecchi (1876-1954). Escrita entre 1901 e 1903, inspira-se na peça Agamémnon de Ésquilo. O libreto, da autoria de Luigi Illico e do próprio Gnecchi, utiliza antigas melodias helénicas, que Gnecchi recria numa ópera moderna.
No teatro, Cassandra é um tema muito tratado, em inúmeras obras.
Na ficção, inúmeros romances debruçam-se sobre Cassandra. Um deles é o de Cassandra de Christa Wolf que, projetando a sua relação com o poder político da R.D.A. profetisa uma trágica dissolução do estado. Na sua condição de prisioneira de Agamémnon, a caminho da execução, Wolf dá voz às premonições de um futuro de "exílio" dentro da Alemanha.
O Romance Presságio de Fogo de Marion Zimmler Bradley (1987) narra a
Guerra de Troia, pela voz de Cassandra, assumindo esta uma importância nunca obtida na Antiguidade. Através
de Cassandra o relato da guerra de Troia adquire muita liberdade, purificando
toda a ação na sua acuidade profética, em relação com o passado dominado pelo
matriarcado e pelo culto da grande Deusa, integrando todas a ruturas que o
domínio micénico trouxeram. O novo poder
integra tradições antigas como as serpentes da grande Deusa que deram lugar às de Apolo. O final é positivo,
tornando-se Cassandra redentora da história da Mulher contra a Guerra.
O
filme “O Sonho de Cassandra”, de Woody Allen, considerado pelo próprio cineasta
como um dos cinco melhores filmes de sua carreira, por outros nem por isso, é,
no entanto, uma bela atualização da
tragédia grega e um veemente retrato da culpa. O nome Cassandra atribuído ao
cão de uma das personagens do filme, depois ao barco onde se desenrola a
tragédia é uma profecia do mal que irá acontecer.
Cassandra
Abba (1981)
https://www.youtube.com/watch?v=5fXDReLm4qM
Down in the street,
they're all singing and shouting
Staying alive though
the city is dead
Hiding their shame
behind hollow laughter
While you are crying
alone on your bed
Pity Cassandra that
no one believed you
But then again you
were lost from the start
Now we must suffer
and sell our secrets
Bargain, playing
smart, aching in our hearts
Sorry Cassandra, I
misunderstood
Now the last day is
dawning
Some of us wanted,
but none of us would
Listen to words of
warning
But on the darkest of
nights
Nobody knew how to
fight
And we were caught in
our sleep
Sorry Cassandra, I
didn't believe
You really had the
power
I only saw it as
dreams you would weave
Until the final hour
So in the morning
your ship will be sailing
Now that your father
and sister are gone
There is no reason
for you to linger
You're grieving
deeply but still moving on
You know the future
is casting a shadow
No one else sees it,
but you know your fate
Packing your bags,
being slow and thorough
Knowing, though
you're late, that ship is sure to wait
Sorry Cassandra, I
misunderstood
Now the last day is
dawning
Some of us wanted,
but none of us would
Listen to words of
warning
But on the darkest of
nights
Nobody knew how to
fight
And we were caught in
our sleep
Sorry Cassandra, I
didn't believe
You really had the
power
I only saw it as
dreams you would weave
Until the final hour
I watched the ship
leaving harbor at sunrise
Sails almost slack in
the cool morning rain
She stood on deck,
just a tiny figure
Rigid and restrained,
blue eyes filled with pain
Sorry Cassandra, I
misunderstood
Now the last day is
dawning
Some of us wanted,
but none of us would
Listen to words of
warning
But on the darkest of
nights
Nobody knew how to fight
And we were caught in
our sleep
Sorry Cassandra, I
didn't believe
You really had the
power
I only saw it as
dreams you would weave
Until the final hour
I'm sorry Cassandra
I'm sorry Cassandra
I'm sorry Cassandra
I'm sorry Cassandra
I'm sorry Cassandra
Cassandra a partir de uma narrativa de Christa Wolf e música de Michael Jarrell
A “ópera falada” Cassandre foi escrita a partir da reinterpretação do mito grego pela escritora Christa Wolf que escolheu os excertos que estão na base da peça de Michael Jarrell: “palavras imersas no fluxo musical, nunca cantadas mas faladas”, que refletem sobre o papel da mulher na História e sobre o propósito das guerras. “Cassandra lança-nos afinal interrogações para todos os tempos, alertando-nos para os sinais que podem já estar à nossa frente: Podemos assinalar o momento em que começa uma guerra, mas quando começa a pré-guerra?” (Catálogo Casa da Música, Porto, 2022).
Tendo como protagonista Leonor Silveira, e com execução musical do Remix Ensemble, foi apresentada em 8 de março de 2022, na Casa da Música, no Porto, inserido no ciclo “Música e Mito”. (Augusto M. Seabra, 8 de Março de 2022).
https://www.youtube.com/watch?v=jpucCUSOwW0
Cassandra na literatura portuguesa
Cassandra no Auto de Sibila Cassandra de Gil Vicente
Muy graciosa es la doncella
cómo es bella y hermosa.
Digas tú el marinero
que en las naves vivías
si la nave o la vela o la estrella
es tan bella.
Digas tú el caballero
que las armas vestias
si el caballo o las armas o la guerra
es tan bella.
Digas tú el pastorcico
que el ganadico guardas
si el ganado o los valles o la sierra
es tan bella.
A
Cassandra do Auto simboliza a liberdade de pensamento, a liberdade de
interpretar com ideias próprias.
Cassandra
Sonhou ler o destino; e desejou nunca
o ter feito. Deixou de olhar para os homens,
quando adivinhou a sua morte; e desafiou
o céu, quando descobriu que nada existe
para além do azul. Percebo, pela
contração da sua coxa, que esboça
o desejo de se erguer; mas os braços
caem para trás das costas,
como se não tivesse já para
onde ir. No entanto, o fogo
que arde no altar ilumina-lhe
o rosto, condenando-a a ver
tudo o que acontece: os incêndios
que devastam a terra, um massacre
de mulheres, a inutilidade
das súplicas. E entrega-se a todos
os que passam à sua frente,
pedindo-lhes que apaguem a chama
para que um manto de treva
lhe cubra o corpo.
Nuno Júdice , A pura inscrição do amor, p. 71
A Cassandra do Auto simboliza a liberdade de
pensamento, a liberdade de interpretar com ideias próprias.
Apesar de ter concretizado o sonho de ler o
futuro e intervir junto dos homens, o facto de ninguém acreditar nela, leva-a a
apenas desejar nada ver, cobrir-se com "um manto de treva".
26. Cassandra
Kassandra
Homens, barcos, batalhas e poentes
Não sei quem, não sei onde, delirava.
E o futuro vermelho transbordava
Através das pupilas transparentes.
Ó dia de oiro sobre as coisas quentes,
Os rostos tinham almas que mudavam,
E as aves estrangeiras trespassavam
As minhas mãos abertas e presentes.
Houve instantes de força e de verdade
Era o cantar de um deus que me embalava
Enchendo o céu de sol e de saudade.
Mas não deteve a lei que me levava
Perdida sem saber se caminhava
Entre os deuses ou entre a humanidade.
Andresen, Sophia de Mello Breyner, Kassandra (1947) in
Dia do Mar
Na transposição do mito de Cassandra para a poesia de Sophia Andresen, o passado literário ressurge como a idade de Ouro que pode ser recuperada pela poesia a qualquer momento. A forma clássica é também recuperada com a função de expressar harmonia entre a forma e o conteúdo do soneto.
Ao transpor o mito de Cassandra para o tempo da poesia, o sujeito poético, manifestamente, na primeira pessoas, além de retornar ao passado por apropriação do mito, também funde o presente e passado.O sacrifício feminino de Cassandra – ter visões,
profetizar e ninguém acreditar nas suas profecias, excluem-na do viver em
harmonia com outros seres (deuses e humanos) – desumaniza a sua condição de
vida terrena, mas sacraliza a sua existência mítica.
Através do mito compreende-se que:
-um deus pode agir por veleidade,
sacrificando os humanos
-há profecias que se realizam mesmo quando
ninguém acredita nelas.
Cassandra e a Troika (poema inédito)
Manuel Alegre
Quis falar com os da troika, mas não lho
permitiram
Então Cassandra apareceu na rua
trazia um cartaz para entregar à Troika
saúde educação dizia ela. E havia
em seu olhar a cólera e a beleza
ela era a filha de Príamo aquela
por quem Apolo se apaixonou
nos seus ouvidos passaram as serpentes
e por isso ela ouvia o que ninguém ouvia
tinha vindo para avisar que a Troika
é o novo cavalo falso dentro da cidade
os seguranças rodearam-na mas ela falava
seus longos cabelos soltos sob o sol de
Lisboa
clamava por justiça e dignidade
ouvissem ou não ouvissem ela era a sibila
e apontava o cavalo dentro da cidade.
2.3.2013
Manuel Alegre
Manuel Alegre utiliza a figura de Cassandra para denunciar a intervenção da Troika, em Portugal, que poderá, segundo ele levar à derrocada da economia.
Heleno
Heleno,
irmão gémeo de Cassandra, também obteve o dom da adivinhação. Como ela, também, previu
que a ida de Páris à Grécia seria
nefasta.
As profecias
de Heleno indicaram que os gregos venceriam se conseguissem recuperar as
flechas de Héracles em posse de Filoctetes ou se conseguissem entrar em Troia
com o estratagema do cavalo de Troia e se
persuadissem o filho de Aquiles, Neoptólemo, a juntar-se à guerra. Neoptólemo
estava escondido em Esciro, mas os gregos convenceram-no a ir a Troia.
Existem
muitas versões sobre o destino de Heleno.
27.Máscara
funerária de Agamémnon
Agamémnon, comandante supremo do exército
grego na guerra contra os troianos,
era rei de Argos e de Micenas.
A caminho de Troia, os navios gregos encontrando-se
amarrados no porto de Áulis, pois não soprava nenhum vento favorável, o vidente
Calcas anuncia que para que a situação se revertesse, Agamémnon
deveria sacrificar a sua própria filha, Ifigénia, à deusa Ártemis, o que acaba
por cumprir, com relutância, o que magoou a esposa Clitemnestra.
Após a Guerra de Troia fica com Cassandra como despojo de guerra que o avisa que seria assassinado quando chegasse a casa, previsão à qual ele não dá crédito. Contrariamente a outras versões do mito, na peça de Ésquilo, é Clitemnestra e não Egisto que mata Agamémnon, com uma espada, arma de guerreiros, num ato não impulsivo, mas planeado. Longe do arrependimento, sobrevém o orgulho.
Clitemnestra: Assim tu me condenas ao exílio, ao ódio da cidade e as maldições do povo, enquanto a esse homem [Agamémnon] tu não te opunhas, ele que, sem honra alguma, como se fosse o destino de um animal, de abundantes ovelhas em um rebanho lanudo, matou sua própria filha, fruto amado do meu ventre, para enfeitiçar os ventos da Trácia. Não era ele que devia ser banido desta terra, em punição por seus miasmas? Ouvindo as minhas ações, tu te tornas um juiz severo. (Ésquilo, Agamémnon, 1412-1421)
Mais tarde, Orestes, filho de Agamémnon e de Clitemnestra, veio a vingar a morte do pai, assassinando a mãe à punhalada.
"O adultério é muitas vezes uma forma desesperada de fidelidade”. Com efeito quando
pensamos em Agamémnon como bruto sanguinário comandante numa guerra, sentimos,
também neste homem uma sensibilidade extrema.
“Só a lembrança do amor pode substituir o amor”- corroboram Agamémnon e Clitemnestra
(Agamémnon ou o Crime, 2001).
29.Clitemnestra
hesita antes de matar Agamémnon adormecido. Egisto incentiva-a. Pintura a óleo
(1817), obra de Pierre-Narcisse Guérin.
Egisto
Egisto é filho de Tiestes e de Pelópia.
Tornou-se amante da rainha Clitemnestra, quando Agamémnon
partiu para a guerra de Troia. Foi coautor da morte de Agamémnon (seu primo),
Pretendeu matar sozinho Orestes, filho de Clitemnestra, mas este foi salvo por sua irmã Electra, que soube de toda a trama. Foi assassinado com Clitemnestra pelos dois, a fim de vingaram a morte do pai.
30.
A peça Agamémnon ou o Crime foi representada em
2001, em Olhão a partir do texto de Marguerite Yorcenar e Yannis Ritsos, traduzidos
por Fernanda Lapa, encenação de António Solmer, tendo como intérpretes António
Rama no papel de Agamémnon e Fernanda Lapa no de Clitemnestra. A encenação foi de Antoninino Solmer; os figurinos de Luísa Pinto; montagem sonora de Paulo
Curado e o desenho de luzes de Carlos Gonçalves.
31.Agamémnon
e Clitemnestra
31. A
história da guerra de Troia de Virgílio e Homero era muito conhecida da
Inglaterra, desde a Idade Média. No Renascimento apareceram as traduções de a
Ilíada de Arthul Hall, em 1581 (parcial) e a de George Chapman ( 1598 a 1611). Suscitando
a curiosidade dos ingleses há ainda o facto do cronista inglês, Geoffrey of Monmouth (1135-1139) contar a lenda que Bruto, bisneto de Eneias, expulso da
Península Itálica, ter ido para Inglaterra. A ideia de que os reis ingleses
teriam descendência troiana aumentou o interesse pelo tema, pelo que não será
de estranhar que uma das peças mais complexas de Shakespeare (1564-16616) –
Troilus e Créssida (1601-1602) se debruce sobre esta narrativa.
Mito de Cassandra – reflexão
Porque hay una historia que no está en la historia
y solo se puede rescatar aguzando el oído y
escutando los sussurros de las mujeres.
Rosa Monteiro B. C. Nº 42, A. P.E.C, U. C. (2004), pp. 199-214.
CASSANDRA: Quando tudo está bem, uma sombra pode derrubá-lo. Ésquilo, A Oresteia: Agamémnon.
O alerta não dito ou não acreditado pelos demais, é muito explorado em diversas disciplinas. No
entanto, podemos pensar que todos preferimos dar crédito a palavras animadoras (mesmo
que enganadoras, como o arco-íris de “tudo vai ficar bem”) do que a previsões mais
realistas mas que mostram o mal que pode seguir-se a uma ação.
Uma máxima muito adaptada, nos últimos tempos, ao planeta Terra que é maltratado e que mostra de quando em vez sinais de que padece e que é preciso recuar, ser menos ganancioso; as guerras que irrompem por todo o lado e que apresentam as mesmas causas; nós próprios quando tudo queremos e fazemos o mal, ou quando vemos o mal e tal como Cassandra não o proclamamos, antes calamos.
Segundo Rosemarie Nicolai, a tragédia grega
As Troianas (415 a.C) fora escrita para
alertar os gregos para o perigo de uma expedição à Sicília, que envolvia um
grande perigo, mas acaba por se realizar.
Cassandra
no poema de Schiller Das Siegfest (A
festa da vitória), assume-se como contraponto, em relação aos vencedores.
Embora seja impossível acabar com a Guerra é necessário advertir os vencedores sobre
o preço da ambição e glória.
Talvez seja essa a razão pela qual Cassandra
é inúmeras vezes representada em peças de teatro.
La gran antagonista
del héroe tradicional, del devorador de ambiciones, ciudades e fortunas, es sin
duda Cassandra. Cassandra, la última y la primera, la hija de una tierra
destruida, la extrangera, el botin de guerra, la fragil memoria y el saber del
provenir nunca acatado y siempre advertido, seria por tanto el contraponto a
las glorias de Agamenon, el guerrero dispuesto al sacrificio de la propria
hija, el que pisa la alfombra púrpura, aquel que deseaba escarmentar a Troya e
acaba arrasándola.
Cassandra é continuamente atualizada incorporando reflexões sobre os direitos das mulheres.
Ao assumir o seu individualismo e ao desenvolver a sua capacidade reflexiva, dá nome a um fenómeno psicológico denominada síndrome de Cassandra. Com o avanço tecnológico e numa atualidade globalizada, perdemos a segurança das antigas sociedades, pairando sobre nós a insegurança, fonte de ansiedade e frustrações, pois não acreditamos nas nossas previsões.
No mundo atual, o efeito Cassandra está ligado a previsões sobre desastres ecológicos ou financeiros a partir da análise da realidade.
Desta forma, Cassandra é porta-voz
do destino, consciência funesta dos vencedores, alertando-nos para os perigos
do individualismo, ou ajudando a reconstituir a história das mulheres e a visão
feminina do mundo.
Bibliografia:
Barroso, Maria do Sameiro, Cassandra - Vox Femina Tragica III, Boletim de Estudos Clássicos, nº 42 (Dezembro de 2004).Associação Portuguesa de Estudos Clássicos, Universidade de Coimbra. pp 199- 214. Disponível em https://www.triplov.com/letras/maria_do_sameiro/schiller/cassandra_01.htm
Duby. George; Perrot, Michelle. Dir Pantel Pauline Schmitt. 1990. História das Mulheres - A Antiguidade. Círculo de Leitores. Porto.
Ésquilo, Oresteia - Agamémnon, Coéforas, Euménides. 2021. Edições 70. Lisboa.
Eurípides, As Troianas.2021. Edições 70.Lisboa, tradução de Maria Helena Rocha Pereira
Grimal, Pierre, Dicionário da Mitologia Grega e Romana. Ed. Bertrand Brasil. Rio de Janeiro:
Homero, Ilíada, adaptada para jovens por Frederico Lourenço. 2019. Quetzal
Mireaux, Émile, A vida quotidiana no tempo de Homero, Edições livros dos Brasil, Lisboa
Pereira, Maria Helena da Rocha. 1982. Hélade-Antologia da Cultura Clásssica.F.L.U.C.I.E.C. Coimbra.
Webgrafia:
Agamémnon na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora- consultado 18-04-2022
Disponível em https://www.infopedia.pt/$agamemnon
Agamémnon - disponível em : http://www.escolademulheres.com/producoes-2/2001-2/agamemnon-ou-o-crime/
Cassandra - disponível em https://cultura.culturamix.com/curiosidades/cassandra-mitologia - consultada em 18 de janeiro de 2022
Cassandra disponível em : https://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/BEC41/12_-_CASSANDRA___VOX_FEMINA_TRAGICA.pdf
Cassandra — VOX FEMINA TRAGICA I -CASSANDRA, DE FRIEDRICH SCHILLER, Disponível em https://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/BEC41/12_-_CASSANDRA___VOX_FEMINA_TRAGICA.pdf
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Boletim de Estudos Clássicos, Nº 42, Associação Portuguesa de Estudos Clássicos, Universidade de Coimbra, Dezembro de 2004, pgs.. 199-214.
Manuel Alegre, Cassandra e a Troika, (poema inédito)- disponível em: http://www.manuelalegre.com/
Marguerite Yourcenar, Clitemnestra o el Crimen - disponível em:
https://www.apocatastasis.com/marguerite-yourcenar-clitemnestra-crimen.php
Figuras:
1.Cassandra Biblioteca de Apolodoro de Atenas. Disponível em: https://fictionphile.com/cassandra-of-troy
2.Cassandra a e Ajax, 550 a. C. Disponível em:.https://stringfixer.com/pt/Cassandr
3.Ajax tomando Cassandra, c. 440–430 a. C. Louvre. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Aias_Kassandra_Louvre_G458.jpg
4.Cassandra e Ajax- ânfora de terracota, c. 450 a.C. Disponível em:https://www.metmuseum.org/art/collection/search/254899
5. .Ajax, o Menor, em Tróia, arrasta Cassandra de Palladium diante dos olhos de Príamo - mural romano da Casa de Menandro, Pompeia. Disponível em: http://ancientrome.ru/art/artworken/img.htm?id=8752
6. Disponível em: bit.ly/3OsO1sp
7. . Ajax e Cassandra de Johann Heinrich Wilhelm Tischbein, 1806. Disponível em:http://www.hellenicaworld.com/Greece/Mythology/Paintings/en/AjaxAndCassandraTischbein.html
8. Ájax e Cassandra, Joseph Solomon, 1886. Disponível em: https://cv.vic.gov.au/stories/creative-life/an-art-history-of-australia/ajax-and-cassandra-painting-by-solomon-j-solomon/
9. Helena e Cassandra, ilustração de Frederick Sandys (1832–1904). Disponível em: https://victorianweb.org/art/illustration/sandys/18.html
10.Cassandra a profetizar. Disponível em: https://www.britannica.com/topic/Cassandra-Greek-mytholog
11. Cassandra coloca-se sob a proteção de Pallas, Aimé Millet (1819-1891), Jardim das Tulherias, Paris. Disponível em:
.https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cassandra_puts_herself_under_the_protection_of_Pallas,_Aim%C3%A9_Millet_(1819-1891),_Tuileries_Garden,_Paris.jpg
12.Cassandra, estátua no Jardim de Flores de Kroměříž, Pernak, República Checa. Disponível em: https://kids.britannica.com/students/assembly/view/142612
13.Clitemnestra a matar Cassandra . Disponível em: https://www.worldhistory.biz/ancient-history/70028-clytemnestra.html
14.O assassinato de Clitemnestra c. 350 - 320 a.C. Disponível em: https://www.theoi.com/Gallery/T40.9.html
15.Busto de Cassandra, de Max Klinger (Leipzig, 1857-1920). Disponível em: https://www.mutualart.com/Artwork/Bust-of-Cassandra/4E02ADC7E04DC463
16.Cassandra, Evelyn de Morgan, 1898, De Morgan Foundation, Battersea, London. disponível em: https://stringfixer.com/pt/Cassandra
17.A primeira página de Troilus e Cressida, impressa no Primeiro Fólio de 1623. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:First-page-first-folio-troilus-cressida.jpg
18. A primeira página de Troilus e Cressida, impressa no Primeiro Fólio de 1623. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:First-page-first-folio-troilus-cressida.jpg
19. Cassandra, Troilus e Cressida. Edwin Austin Abbey (c. 1908). Disponível Cassandrahttps://stringfixer.com/pt/Troilus_and_Cressida
20. Cassandra, 1903. Artist: Klinger, Max (1857-1920). Disponível em: https://www.heritage-print.com/cassandra-1903-artist-klinger-max-1857-1920-14897032.html
21. Cassandra´s Dream. Disponível em: https://www.woodyallenpages.com/films/cassandras-dream/
22. Cassandra, Abba - disponível em https://www.discogs.com/release/7259862-ABBA-Cassandra-The-Day-Before-You-Came
23. Cassandre. Michael Jarrel. Disponível em https://www.fnac.pt/Cassandre-CD-Album/a577719
24. Cassandre, Michael Jarrel e Christa Wolf - Remix Ensemble, Casa da Música, 2022. Foto particular.
25. Cassandra. Disponível em: .https://www.forumancientcoins.com/cparada/GML/000PhotoArchive/033/slides/3308.html
26. Cassandra. disponível em: https://www.alamy.com/cassandra-1903-artist-klinger-max-1857-1920-image60390069.html
27..Máscara funerária de Agamémnon. Disponível em https://greciantiga.org/img.asp?num=0298
28.Vaso grego, morte de Agamémnon. Disponível em https://greciantiga.org/img.asp?num=0046
29.Clitemnestra hesita antes de matar Agamémnon adormecido. Egisto incentiva-a. Pintura a óleo (1817), obra de Pierre-Narcisse Guérin.
30.Egisto assinado por Orestes e Pilades – vaso grego, 430-300
31.Agamémnon - consultado em 18-01- 2022, disponível em - http://www.escolademulheres.com/producoes-2/2001-2/agamemnon-ou-o-crime
32-Cressida, Shakespeare, o feminino e a guerra. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/pit500/article/view/8634705/2624
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Trabalho de :
Afonso Brandão Martins - 8º A
Dinis Brandão Martins - 8º A
Maria Miguel Teixeira Moura - 8º A
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