terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Mito de Dédalo e Ícaro

 

1. Ícaro,  Henry Matisse (1943)



Embora Minos nos feche a terra e o mar,

ao menos o céu está aberto: iremos por lá.

Senhor de todas as coisas, ele não tem domínio sobre o ar.

Ovídio, Metamorfoses, 8, 185-187




MITO DE DÉDALO E ÍCARO

Dédalo era um grande arquiteto, escultor e inventor ateniense. A ele se atribuem grandes obras de arte, algumas de caráter mítico, como as estátuas animadas de Platão (Ménon, 97-98). Foi exilado de Atenas sob a acusação de ter matado o sobrinho e ajudante, Talos, invejoso por este ter inventado o serrote ao ver uma espinha de peixe.

Acolhido por Minos, tornou-se o arquiteto oficial do rei e a seu pedido  construiu o célebre Labirinto, no palácio de Cnossos, onde foi encerrado o Minotauro, produto da união de Pasífae, esposa do rei, com um Touro, que Poseidon fizera sair do mar, para que lhe fosse sacrificado, conforme promessa de Minos. Perante o incumprimento deste,  o deus fez com que Pasífae se entregasse ao touro, depois de ter recorrido a Dédalo, que lhe fabricou uma novilha de bronze, na qual se meteu para se unir ao animal e conceber o Minotauro. Para alimentar este, Minos exigia de Atenas, anualmente, o tributo de sete rapazes e sete raparigas. Teseu para pôr fim à sujeição integrou-se numa dessas levas disposto a matar a fera o que conseguiu com a ajuda de Ariadne que inspirada por Dédalo lhe recomendou que entregasse um novelo a Teseu para se orientar na saída do Labirinto.

Minos, ao saber disso, castigou Dédalo e seu filho, Ícaro, aprisionando-os lá dentro. Então, Dédalo pensou que só poderiam fugir pelo ar, pelo que construiu asas para sair do Labirinto juntamente com o filho. Recomendou-lhe que não se aproximasse demasiado do sol e se afastasse do oceano. Todavia Ícaro deixou-se levar pela liberdade do voo. Voou tão alto que o calor do Sol derreteu a cera que segurava as penas das asas e caiu ao mar Egeu, afogando-se, para grande desgosto de Dédalo que mais não pôde fazer do que observar e chorar a morte do filho.

A ilha ao largo da qual caiu o corpo de Ícaro, designou-se Icária.

Dédalo  refugiou-se na Sicília, terra do rei Cócalo que matou o rei Minos. Dédalo vendo-se livre deste, regressou a  Atenas, já que Teseu tinha subido ao trono e revogara o seu exílio.  


2. Dédalo, por Andrea Pisano (1290 — 1348/1349)



3. Dédalo esculpe a estátua de uma vaca 1533, Museu Nacional da Cerâmica, Sèvres


4. Carlo Saraceni (1579-1620), A queda de Ícaro, c.. 1608), Galleria Nacional de Capodimonte, Nápoles.


5. Rubens, Peter Paul ( 1577 - 1640),  A queda de Ícaro


6. O voo de Ícaro, Jacob Peter Gowy's (1630).


ÍCARO

 

O voo

desaba no céu

desagua

desarma

desata

            c

               ai

                  !

                  .

                  .

                  .

erra na terra

e se encerra em si

                            em

                              cio.

 

Cláudio Carvalho Fernandes · Teresina, PI, 25/5/2009 


7. Dédalo e Ícaro de Anthony Van Dyck  (1599 - 1641)



8. Bruegel, Paisagem com a queda de Ícaro ( c. 1558), famosa por relegar a queda a um evento pouco

notado em segundo plano



Entretanto, Dédalo odiava Creta, odiava o longo exílio,

morto de saudades da terra natal. O mar aprisionava-o.

“Embora ele barre o meu caminho com as terras e o mar”,

disse, “ao menos, o céu está sempre aberto. Iremos por aí!

Minos pode ser dono de tudo, mas não é dono dos ares”

Assim dizendo, aplica o seu talento a artes desconhecidas

e revoluciona a natureza. De facto, dispõe penas em filas,

(começando pelas mais curtas, a curta seguindo a longa) 190

a ponto de se julgar crescerem num declive: assim cresce

gradualmente a flauta campestre com as suas canas desiguais.

Depois, prende-as a meio com um fio e a base com cera,

e, tendo-as assim prendido, dobra-as em suave curvatura

para imitar as aves verídicas. Com ele está o menino,

Ícaro. Sem saber que mexia em algo para si tão perigoso,

ora, de cara risonha, tentava apanhar as penas que a brisa

vagabunda movia, ora amolecia com o polegar a loira cera;

e com esta brincadeira atrapalhava o espantoso trabalho

do pai. Quando deu o toque final ao que tinha planeado,

o artífice aventurou-se a equilibrar o próprio corpo

no par de asas, e ficou suspenso no ar, assim agitado.

Equipando também o filho, disse: “Voa a meia altura, Ícaro,

recomendo-te, para que, se fores demasiado baixo, o mar

não pese nas penas, e, demasiado alto, não as queime o fogo.

Voa entre um e outro; não te ponhas, advirto, a contemplar

Bootes ou a Hélice ou a espada desembainhada de Orion.

Vem atrás de mim: eu guiar-te-ei.”. Ao mesmo tempo em que dá

tais instruções de voo, ajeita-lhe as inéditas asas nos ombros.

No meio do labor e advertências, molham-se de lagrimas

as envelhecidas faces, tremem as mãos de pai. Beija o filho,

beijos que jamais repetiria; e, elevando-se graças às asas,

levanta voo à frente. Tal como a ave ao guiar as frágeis crias

para fora do alto ninho pelo ar, ele receia pelo companheiro;

exorta-o a que o siga, e ensina-lhe as ruinosas artes

[e, batendo as asas, vai olhando para trás para as do filho].

Viu-os com espanto alguém que pescava com a trémula cana,

ou algum pastor arrimado ao cajado ou lavrador à rabiça

do arado, julgando que eram deuses aqueles que tinham

o poder de viajar pelos céus.

E já à já esquerda ficava

a Samos de Juno (para trás haviam deixado Delos e Paros),

e, à sua direita, Lebinto, tal como Calimne, rica em mel,

quando o rapaz começa a achar gozo no audacioso voo

e se afasta do guia. Arrastado pelo seu fascínio pelo céu,

rumou para as alturas. Ora, a vizinhança do sol voraz

amolece as odoríferas ceras que colavam as penas:

a cera derrete-se. Bem lá agita o rapaz os braços nus,

mas, sem asas para bater, não logra apanhar ar algum.

E a boca que gritava o nome do pai é acolhida pelas águas

azul-esverdeadas, que dele obtiveram o seu nome.

O pobre pai (que já nem pai era), “Ícaro!”, chamava,

“Ícaro!”, berrava. “Onde estás? Onde hei-de procurar-te?

“Ícaro!”, gritava. Então avistou penas a boiar nas ondas.

                        


9. O labirinto, Teseu e o Minotauro. Século XVI , Itália, Escola dos Mestres  des cassoni Campana, Louvre



10. Carlo Saraceni, Enterro de Ícaro, Napoles, Museu Nacional de Capodimonte, 1606-7. Disponível em: https://ilmegliodiinternet.it/icaro-colui-oso-visto-nellarte/

11.Relevo do século XVII com um labirinto cretense em baixo à direita ( Musée Antoine Vivenel )


 

12.António Canova, (1757 -1822) Dédalo e Ícaro


13.Dédalo  a prender as asas a Ícaro, por Pyotr Ivanovich Sokolov (1777)


14. O Sol ou a Queda de Ícaro (1819) de Merry-Joseph Blondel, Rotunda de Apolo, Louvre


15. Frederick Leighton (1830 – 1896), Ícaro


16. Dédalo fez asas de cera e de penas para si próprio e para o filho Ícaro que estavam aprisionados

Judie Anderson/Encyclopaesia Britanica



“A meio da obra e das advertências, na velha face deslizaram lágrimas

e as paternas mãos tremeram. Deu a seu filho beijos

que não mais daria e, elevando-se com o bater das asas,

toma a dianteira do voo, temeroso pelo companheiro,

qual ave que do alto ninho lança no espaço o filho inexperiente,

exorta-o a segui-lo e dá-lhe instruções sobre a perniciosa arte.”

(Metamorphoses, Livro VIII, versos 183 a 235).

 


             


17. Rebeca Matte, Monumento Unidos en la gloria y en la muerte, Bronze.  Museu Nacional de Bellas Artes Santiago do Chile. 1922.



18. Rebeca Matte Aviadores. 1922. Praça Mauá, Rio de Janeiro – Tribunal Internacional de Justiça. Bronze



19. Icaro e Dédalo (1799),Charles Paul Landon (1760–1826) 



20. Lamento por Ícaro, Herbert Draper (1863-1920)




21. Galileo Chini (1873-1956). Queda de Ícaro. (1907).








22. Marc Chagall, La caduta di Icaro, Parigi L’Opéra national de Paris, olio su tela 1975



23.Queda de Ícaro, Graditti numa rua  da ilha de Icaria  da vila de Evdilos em Icaria, Grécia



Ícaro

A minha Dor, vesti-a de brocado,
Fi-la cantar um choro em melopeia,
Ergui-lhe um trono de oiro imaculado,
Ajoelhei de mãos postas e adorei-a.

Por longo tempo, assim fiquei prostrado,
Moendo os joelhos sobre lodo e areia.
E as multidões desceram do povoado,
Que a minha dor cantava de sereia...

Depois, ruflaram alto asas de agoiro!
Um silêncio gelou em derredor...
E eu levantei a face, a tremer todo:

Jesus! ruíra em cinza o trono de oiro!
E, misérrima e nua, a minha Dor
Ajoelhara a meu lado sobre o lodo.

José Régio, “Poemas de Deus e do Diabo”, 1969



Ícaro

 O sol dos Sonhos derreteu-lhe as asas.

E caiu lá do céu onde voava
Ao rés-do-chão da vida.
A um mar sem ondas onde navegava
A paz rasteira nunca desmentida…

Mas ainda dorida
No seio sedativo da planura,
A alma já lhe pede impenitente,
A graça urgente
De uma nova aventura.

 Miguel Torga



ÍCARO

De asas mudas e cinzeladas

Ó aventuroso, jubiloso.

Se acerca do Sol.

No bosque de nuvens torneadas,

Na paisagem nocturna,

Sem beleza, sem apear-se,

Dardejante com

Asa da descida,

Asas de cinabre,

Asas de perjúrio,

Asas resplandecentes.

Se acerca do Sol.

Olhando a magnificência,

Devora o Sol deflagrado.

Desvelado, a profanar.

Ó peregrino ardente, rejubilante,

Sem beleza, sem apear-se.

Se acerca do Sol.

 

Poema de José Emílio Nelson (n. 1948) poeta, crítico e editor, é o pseudónimo literário de José Emílio de Oliveira Marmelo e Silva, nascido em Espinho, em 17 de Maio de 1948.In Beleza Poética, 1979-2015

Ícaro

Da Mafalala estorva-nos
a memória dos gregos
É um anjo negro segredado
e assim goza
de asas sussurrantes
Desce por entre
intervalos do vento
e findo o voo refunde
o modelo de cera
Como qualquer pássaro faz ninho
ele no vestido das mulheres
Sem céu fixo
exala a plumagem
da comum nudez interrompida
.

 

Sebastião Alba (1940-2000)




 

Poema visual publicado no Diário de Noticias em 1987





O Céu de Ícaro tem mais poesia do que o de Galileu

Paralamas do Sucesso, Tendo a Lua. Disponível em :  https://www.youtube.com/watch?v=V5dbdETyezI

 Tendo A Lua

 Os Paralamas do Sucesso

 

Eu hoje joguei tanta coisa fora

Eu vi o meu passado passar por mim

Cartas e fotografia, gente que foi embora

A casa fica bem melhor assim

O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu

E lendo os teus bilhetes, eu penso no que fiz

Querendo ver o mais distante sem saber voar

Desprezando as asas que você me deu

Tendo a lua

Aquela gravidade aonde o homem flutua

Merecia visita não de militares

Mas de bailarinos e de você e eu

Eu hoje joguei tanta coisa fora

E lendo os teus bilhetes, eu penso no que eu fiz

Cartas e fotografias, gente que foi embora

A casa fica bem melhor assim

Tendo a lua

Aquela gravidade aonde o homem flutua

Merecia visita não de militares

Mas de bailarinos e de você e eu

Tendo a lua

Aquela gravidade aonde o homem flutua

Merecia visita não de militares

Mas de bailarinos e de você e eu

Compositores: Herbert Lemos De Souza Vianna / Teresa Cristina Rocha Tillett

Letras de Tendo A Lua © Edicoes Musicais Tapajos Ltda



Ismália de Emicida, canção do álbum Amarelo sob as vozes do próprio rapper, da cantora e atriz Larissa Luz e com declamação da atriz Fernanda Montenegro.

Ismália, por sua vez, é um poema de Alphonsus de Guimaraens, escritor mineiro ( 1870 – 1921). Alphonsus Guimaraens era o pseudónimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães publicado em 1923 e conta a história de Ismália, que deseja a lua do céu e, também, a lua do mar:

Ismália de Emicida, canção do álbum Amarelo sob as vozes do próprio rapper, da cantora e atriz Larissa Luz e com declamação da atriz Fernanda Montenegro.

Ismália, por sua vez, é um poema de Alphonsus de Guimaraens, escritor mineiro ( 1870 – 1921). Alphonsus Guimaraens era o pseudónimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães publicado em 1923 e conta a história de Ismália, que deseja a lua do céu e, também, a lua do mar:

 Com a fé de quem olha do banco a cena

Do gol que nós mais precisava na trave

A felicidade do branco é plena

A pé, trilha em brasa e barranco, que pena

Se até pra sonhar tem entrave

A felicidade do branco é plena

A felicidade do preto é quase

Olhei no espelho, Ícaro me encarou:

"Cuidado, não voa tão perto do sol

Eles num aguenta te ver livre, imagina te ver rei"

O abutre quer te ver de algema pra dizer:

"Ó, num falei?!"

No fim das conta é tudo Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Ela quis ser chamada de morena

Que isso camufla o abismo entre si e a humanidade plena

A raiva insufla, pensa nesse esquema

A ideia imunda, tudo inunda

A dor profunda é que todo mundo é meu tema

Paizinho de bosta, a mídia gosta

Deixou a falha e quer migalha de quem corre com fratura exposta

Apunhalado pelas costa

Esquartejado pelo imposto imposta

E como analgésico nós posta que

Um dia vai tá nos conforme

Que um diploma é uma alforria

Minha cor não é uniforme

Hashtags #PretoNoTopo, bravo!

80 tiros te lembram que existe pele alva e pele alvo

Quem disparou usava farda (Mais uma vez)

Quem te acusou nem lá num tava (Banda de espírito de porco)

Porque um corpo preto morto é tipo os hit das parada:

Todo mundo vê, mas essa porra não diz nada

Olhei no espelho, Ícaro me encarou:

"Cuidado, não voa tão perto do sol

Eles num aguenta te ver livre, imagina te ver rei"

O abutre quer te ver drogado pra dizer:

"Ó, num falei?!"

No fim das conta é tudo Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Ter pele escura é ser Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

(Terminou no chão)

Primeiro cê sequestra eles, rouba eles, mente sobre eles

Nega o deus deles, ofende, separa eles

Se algum sonho ousa correr, cê para ele

E manda eles debater com a bala que vara eles, mano

Infelizmente onde se sente o sol mais quente

O lacre ainda tá presente só no caixão dos adolescente

Quis ser estrela e virou medalha num boçal

Que coincidentemente tem a cor que matou seu ancestral

Um primeiro salário

Duas fardas policiais

Três no banco traseiro

Da cor dos quatro Racionais

Cinco vida interrompida

Moleques de ouro e bronze

Tiros e tiros e tiros

O menino levou 111

Quem disparou usava farda (Ismália)

Quem te acusou nem lá num tava (Ismália)

É a desunião dos preto junto à visão sagaz (Ismália)

De quem tem tudo, menos cor, onde a cor importa demais

"Quando Ismália enlouqueceu

Pôs-se na torre a sonhar

Viu uma lua no céu

Viu outra lua no mar

No sonho em que se perdeu

Banhou-se toda em luar

Queria subir ao céu

Queria descer ao mar

E num desvario seu

Na torre, pôs-se a cantar

Estava perto do céu

Estava longe do mar

E, como um anjo

Pendeu as asas para voar

Queria a lua do céu

Queria a lua do mar

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par

Sua alma subiu ao céu

Seu corpo desceu ao mar"

Olhei no espelho, Ícaro me encarou:

"Cuidado, não voa tão perto do sol

Eles num aguenta te ver livre, imagina te ver rei"

O abutre quer te ver no lixo pra dizer:

"Ó, num falei?!"

No fim das conta é tudo Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

Ter pele escura é ser Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Ismália, Ismália

Quis tocar o céu, mas terminou no chão

(Terminou no chão)

Ismália

(Quis tocar o céu, terminou no chão)

Fonte: Musixmatch

Compositores: Vinicius Leonard Moreira / Renan Samam / Emicida

Letras de Ismália © Laboratorio Fantasma Producoes Ltda Me

https://www.youtube.com/watch?v=vnVF7PcrYp8


Emicida ao unir Ícaro e Ismália com a realidade da negritude brasileira, enquadra as pessoas no seu contexto social e político e, mostrando as desigualdades da sociedade. Ao longo da canção denuncia toda a violência, culpabilização, criminalização e legitimação da morte de seu povo. E as figuras de Ícaro e Ismália despojam-se de desmesura quando reinterpretados como aqueles que sonham com o reino da liberdade e, ao tentarem voar, caem. 


O mito de Dédalo e Ícaro nunca deixou de seduzir o homem pelo que tem sido adaptado a várias formas de arte.

No que respeita ao teatro, destacamos a reinterpretação de Dario Fo de Ícaro, através da qual expressa a sua deceção sobre o cenário político do seu país.

Dario Fo (Sangiano, 1926 – Milão, 2016) foi um escritor, dramaturgo e comediante italiano  a quem em 1997 foi atribuído o Prémio Nobel de Literatura.

 Dario Fo e o mito de Dédalo e Ícaro


                                              24. Dario Fo, de La Storia della Tigre e altre storie

Dario Fo parece basear-se em Luciano, autor do diálogo Icaro Menipo, ou o homem que voa sobre as ondas. No diálogo de Luciano, Menippo deve subir ao Olimpo e por isso constrói umas asas, mas sem cera, para poder voar bem alto. Do céu, observa cenas censuráveis e criminosas como incestos, adultérios e assassinatos.

 Dario Fo transforma esta visão. O seu Ícaro ao sobrevoar a ilha de Creta, observa cidades que à primeira vista lhe parecem felizes, mas logo revelam a sua natureza violenta e opressora, da qual Ícaro foge, lembrando-se do que já tinha experimentado no labirinto, à procura do ideal que o seu entusiasmo juvenil lhe diz dever conseguir na vida. No entanto, nas várias cidades que sobrevoa, encontra a mesma injustiça contra o ser humano mais fraco: mulheres apedrejadas, homens enforcados, prisões cheias, prantos e lamentos.

 Dédalo, homem maduro, aprendeu que o homem é, alternadamente, opressor e oprimido, e que é preciso aceitar a realidade e lutar, na terra, pela melhoria do mundo. No entanto, o jovem Ícaro não ouve o homem e levanta voo, rumo ao céu onde pensa encontrar o seu ideal inatingível e irrealizável.


Integrado no semestre Europeu, a Europa em Coimbra, em 2021, foi levado à cena o espetáculo: Ícaro  pela Trupe dos Bichos, teatro Black Box.
“Esta peça é um objeto poético, que cruza metáforas por entre a música, o desenho e a palavra. Um mergulho prazeroso e livre na potência evocativa e na força plástica, poética e política destas narrativas, ao mesmo tempo datadas e intemporais.”
(Trupe dos Bichos. 2021) O texto é de Marta Bernardes; a música Pedro Moura e Bruna Maia de Moura; a Interpretação de Carla Galvão e Bruna Maia de Moura; o desenho  e cenografia de João Alves. A Direção Artística: Pedro Moura; Desenho de Luz: Mariana Figueroa. Coprodução Trupe dos Bichos & CCB/Fábrica das Artes

O website All Music Guide (www.allmusic.com) conta no seu catálogo mais de oito mil referências para o mito de Ícaro e Dédalo, nas mais variadas vertentes musicais. De acordo com este site, há 174 artistas ou conjuntos musicais cujo nome remete ao mito de Ícaro, com algumas variantes (Ikarus, Icar, Icare, Vicare), por exemplo: Icarus (7 referências), The Icarus Line, Kid Icarus, Icarus Witch, Icarus Rising, The Icarus Machine, Fate of Icarus, Icarus Himself, Ikarus, Ickarus, When Icarus Falls, Training Icarus

Por exemplo, Il Cerchio d’Oro, fundado pelos irmãos Gino e Giuseppe Terribile, respetivamente baterista e baixista, dedicam o seu álbum Il Cerchio d´Oro, a Dédalo e Ìcaro.


                                                              25. Dédalo e Ícaro, Álbum


https://www.youtube.com/watch?v=p4w2BZXL6Ss




26. Flight Of Icarus, 11.04.1983, capa de Dereck, desenhista e designer inglês

A banda Iron Maiden  gravou Flight Of Icarus. Dédalo, ao contrário da versão narrada por

Ovídio, encoraja o filho Ícaro a voar alto, aproximando-se do Sol.

 

https://www.youtube.com/watch?v=bH7QI58DwJk


As the sun breaks, above the ground

An old man stands on the hill
As the ground warms, to the first rays of light
A birdsong shatters the still
His eyes are ablaze
See the madman in his gaze
Fly on your way, like an eagle
Fly as high as the sun
On your way, like an eagle
Fly and touch the sun (yeah)
Now the crowd breaks and a young boy appears
Looks the old man in the eye
As he spreads his wings and shouts at the crowd
In the name of God, my father I'll fly
His eyes seem so glazed
As he flies on the wings of a dream
Now he knows his father betrayed
Now his wings turn to ashes to ashes his grave
Fly on your way, like an eagle
Fly as high as the sun
On your way, like an eagle
Fly, touch the sun
Yeah
Fly, on your way, like an eagle
Fly as high as the sun
On your way, like an eagle
Fly as high as the sun
On your way, like an eagle
Fly, touch the sun
On your way, like an eagle
Fly
Fly as high as the sun


Enquanto o sol surge sobre o chão/ Um velho está na montanha/ À medida que o chão se aquece aos/ primeiros raios de luz/ O canto de um pássaro quebra a monotonia/ Seus olhos estão inflamados/ Veja o louco com seu olhar/ Voe pelo seu caminho como uma águia/ Voe e toque o sol/ No seu caminho como uma águia/ Voe e toque o sol/ Agora a multidão se abre e um jovem garoto aparece/ Olha o velho nos olhos/ Enquanto ele abre suas asas e grita para a multidão/ Em nome de Deus, meu pai, eu voo/ Seus olhos parecem tão vidrados/ Enquanto ele voa nas asas de um sonho/ Agora ele sabe que seu pai o traiu/ Agora suas asas tornam-se cinzas, cinzas, sua sepultura/Voe pelo seu caminho como uma águia/ Voe e toque o sol/ No seu caminho como uma águia/ Voe e toque o sol.


A dança é uma das artes da antiguidade que ombreia com o teatro e música. Na Grécia, a dança era frequentemente vinculada aos jogos, em especial aos olímpicos. Há uma dança tradicional, o Ikariotikos, da ilha de Ikariá, onde teria caído Ícaro. Esta dança é tradicional de todas as ilhas do Mar Egeu e é conhecida por toda a Grécia, bem como a música que a acompanha, a Ikaria. Noutros tempos, era dançada com os braços cruzados, hoje, os dançarinos seguram-se as mãos ou apoiam-nas nos ombros uns dos outros


ShakallisDance2017 - Ikariotikos & Hasaposerviko/Koulouriotikos. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=H_ECwFip5DA 

https://www.youtube.com/watch?v=KLIOqFlVp_M


Muitos filmes de Hollywood possuem como base da sua trama o mito de Dédalo e Ícaro. Por exemplo, grande parte da filmografia de Orson Weles, incluindo Cidadão Kane e Soberba.

Todas as versões de O grande Gatsby possuem o mesmo tema. O mesmo pode ser dito  de  Sacarface, Era uma vez ... em Hollywood, cuja versão mais recente se deve a Tarantino. Também, Touro Indomável, Sangue Negro e a série Boardwalk Empire, ainda que os  protagonistas,  sejam mais anti-heróis sem remissão possível.



Comentário:

  O mito de Dédalo e seu filho Ícaro representam as limitações físicas do ser humano, apesar da sua criatividade. Enquanto jovens, temos grandes sonhos e grandes projetos em mente, e procuramos realizá-los de forma entusiasta. No entanto, por vezes,  perdemos o bom senso, tornamo-nos imprudentes, podendo comprometer toda a nossa vida.

 Dédalo é a mente criativa que não pode ser asfixiada. Ícaro é a liberdade sonhadora sem limites que nos pode levar à queda.

Este mito apesar da sua complexidade, dá especial relevância às asas inventadas por Dédalo, símbolo de elevação, crescimento o que acarreta, sempre, risco.

O mito de Ícaro retrata o deslumbramento que sentimos ao ascender rapidamente nas nossas vidas, o que muitas vezes nos pode  levar a uma queda brusca. Ícaro quis voar o mais alto possível e foi punido pela grandeza de seu sonho.

Com efeito, a ambição humana de cruzar os céus foi uma tentativa constante capaz de mover a conceção  de vários aparelhos, ao longo dos tempos.

 

Por exemplo Leonardo da Vinci tentou engendrar asas capazes de o elevar nos ares.

 

 

27. Leonardo da Vinci, Asas

28. Leonardo da Vinci, Asas


29. Leonardo da Vinci, Asas


No entanto, as asas referidas no mito podem entender-se como sendo as da imaginação humana que, ao tentar obter o que lhe parece impossível, acaba sempre por criar novos, e mais ousados, objetivos. Contudo é preciso  ter cuidado com a forma como se pretendem alcançar esses objetivos,  para que a queda não aconteça, como aconteceu com Ícaro, o  jovem que voou demasiado alto, numa ação que o precipitou no mar.

Desta forma, o mito mostra como os humanos deverão pensar nas consequências reais dos seus atos.

Há ainda um outro pensamento a ter: se Dédalo é um genial inventor, o episódio que leva à sua expulsão de Atenas é o de um mero mortal, com falhas humanas, como a inveja que o leva a  pensar em assassinar Talo.

Tendo em conta que Dédalo, na maturidade, incita Ícaro à prudência, o mito contém uma interessante dualidade: a curiosidade juvenil de Ícaro, opõe-se à experiência da maturidade, que parece ter aprendido com os erros do passado.

Se a ousadia de Ícaro é certamente um dos mais importantes aspetos da mente humana, é também necessário viver com a prudência  de Dédalo, sem a qual algumas decisões se podem tornar muito perigosas. Há que saber quando se deve arriscar e quando  devemos  retrair os impulsos curiosos.


Voar uma ambição sempre renovada


30. Voo em párasail


31. Voo em párasail 



Voar é um desafio, um risco, sempre uma busca da liberdade, uma tentativa de se igualar ao ato de criação, transformar em pássaro, sermos nós mesmo, ir o mais alto que se consegue.



 

Webgrafia:

Álbum de Il Cerchio D´Oro, Dédalo e Ícarohttps://www.youtube.com/watch?v=bH7QI58DwJk

Artrianon. Disponível em: https://artrianon.com/2018/04/30/obra-de-arte-da-semana-a-mitologia-grega-em-sky-full-of-song-de-florence-and-the-machine/

Capara, Loredana de Stauer, Dario Fo e o Mito de Dédalo e Ícaro. 1997. Faculdade de filosofia, Letras e Ciências Humanas. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/letrasclassicas/article/view/73718

Clássicos.Disponível: https://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas48/18_Ribeiro_Ferreira.pdf

Diálogos literários. https://dialogosliterarios.files.wordpress.com/2013/12/51.pdf

Ícaro. Disponível em: http// coimbraconvento.pt/agenda/Icaro-trupe-dos-bichos

Iron Maiden - Flight Of Icarus (Official Video). Disponivel em:

https://www.youtube.com/watch?v=p4w2BZXL6Ss

Mito de Dédalo e Ícaro. Disponível em: http://www2.dlc.ua.pt/classicos/internet.pdf

Ovídio, Metamorfoses, livro VIII (183-235 a.C.)

Tradução de Paulo Farmhouse Alberto. Disponível em:

https://viciodapoesia.com/2013/09/16/pais-e-filhos-e-o-mito-de-icaro-fragmento-de-metamorfoses-de-ovidio/

Poema visual publicado no Diário de Noticias em 1987. Disponível em:

https://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/exposicao-de-poesia-visual

Que filmes assim já vimos? Disponível em:  https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/03/cultura/1567518278_350381.html

Trupe dos bichos. Disponível em http// coimbraconvento.pt/agenda/Icaro-trupe-dos-bichos


Figuras:

1 Ícaro, Henri Matisse. Disponível em: https://terraingallery.org/aesthetic-realism/art-criticism/the-joyous-drama-of-outline-and-color-icarus-by-henri-matisse/

2. Dédalo, por Andrea Pisano (1290 — 1348/1349). Disponível em: https://www.alamy.com/stock-image-daedalus-inventor-of-arts-andrea-pisano-1334-36-pisano-1290-1348-is-163212790.html

3. Dédalo esculpe a estátua de uma vaca 1533, Museu Nacional da Cerâmica, Sèvres https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9dalo

4. Carlo Saraceni (1579-1620), A queda de Ícaro, c.. 1608), Galleria Nazionale de Capodimonte, Napoli. Disponível em: https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/Carlo-Saraceni/44935/A-queda-de-%C3%8Dcaro.html

5.A queda de Ícaro, Rubens. Disponível em: https://dialogosliterarios.files.wordpress.com/2013/12/51.pdf

6.Jacob Peter Gowy, A queda de Ícaro. Disponível em https://artrianon.com/2018/04/30/obra-de-arte-da-semana-a-mitologia-grega-em-sky-full-of-song-de-florence-and-the-machine/

7. Dédalo e Ícaro de Anthony Van Dyck  (1599 - 1641). http://www.island-ikaria.com/about-ikaria/Ikaros-Myth  

8. Bruegel, Paisagem com a queda de Ícaro ( c. 1558). Disponível em: https://stringfixer.com/pt/Icarus_(mythology)

9. Ovídio, Metamorfoses, livro VIII (183-235 a.C.).Tradução de Paulo Farmhouse Alberto. Disponível em:  https://viciodapoesia.com/2013/09/16/pais-e-filhos-e-o-mito-de-icaro-fragmento-de-metamorfoses-de-ovidio/

9. O labirinto, Teseu e o Minotauro. Século XVI , Itália, Escola dos Mestres  des cassoni Campana, Louvre. Disponível em: https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/Master-of-the-Campana-Cassoni/70686/Teseu-e-o-Minotauro,-da-hist%C3%B3ria-de-Teseu.html

10.Dédalo e Ícaro - Domenico Piola, 1670 - (coleção privada (Génova, Itália). Disponível em: http://www.island-ikaria.com/about-ikaria/Ikaros-Myth

11. Carlo Saraceni, Enterro de Ícaro, Napoles, Museu Nacional de Capodimonte, 1606-7. Disponível em: https://ilmegliodiinternet.it/icaro-colui-oso-visto-nellarte/

11. .Relevo do século XVII com um labirinto cretense em baixo à direita ( Musée Antoine Vivenel ). Disponível em: https://stringfixer.com/pt/Icarus_(mythology)

12.António Canova, (1757 -1822) Dédalo e Ícaro. Disponível em. https://artrianon.com/2018/04/30/obra-de-arte-da-semana-a-mitologia-grega-em-sky-full-of-song-de-florence-and-the-machine/

13.Dédalo  a prender as asas a Ícaro, por Pyotr Ivanovich Sokolov (1777). Disponível em:

http://www.hellenicaworld.com/Greece/Mythology/Paintings/en/DaedalusIcarusSokolov.html

14. O Sol ou a Queda de Ícaro (1819) de Merry-Joseph Blondel, Rotunda de Apolo, Louvre.  Disponível em: https://stringfixer.com/pt/Icarus_(mythology)

15. Frederick Leighton (1830 – 1896), Ícaro. Disponível em : https://pt.wahooart.com/a55a04/w.nsf/O/BRUE-8BWTYQ

16. Dédalo fez asas de cera e de penas para si próprio e para o filho Ícaro que estavam aprisionados, Judie Anderson/Encyclopaesia Britanica

17. Rebeca Matte, Monumento Unidos en la gloria y en la muerte, Bronze.  Museu Nacional de Bellas Artes Santiago do Chile. 1922. Rebeca Matte. Disponível em: https://historiadaparte.wordpress.com/rebeca-matte

18. Rebeca Matte Aviadores. 1922. Praça Mauá, Rio de Janeiro – Tribunal Internacional de Justiça. Bronze. Rebeca Matte. Disponível em: https://historiadaparte.wordpress.com/rebeca-matte

19. Ícaro e Dédalo (1799),Charles Paul Landon (1760–1826). Disponível em https://artrianon.com/2018/04/30/obra-de-arte-da-semana-a-mitologia-grega-em-sky-full-of-song-de-florence-and-the-machine/

20. Lamento por Ícaro, Herbert Draper (1863-1920) - https://artrianon.com/2018/04/30/obra-de-arte-da-semana-a-mitologia-grega-em-sky-full-of-song-de-florence-and-the-machine/

21. Galileo Chini (1873-1956). Queda de Ícaro. (1907). Disponível em: https://ilmegliodiinternet.it/icaro-colui-oso-visto-nellarte/

22. Marc Chagall, La caduta di Icaro, Parigi L’Opéra national de Paris, olio su tela 1975. Disponível em:https://ilmegliodiinternet.it/icaro-colui-oso-visto-nellarte/

23.Queda de Ícaro, Grafitti numa rua  da ilha de Icaria  da vila de Evdilos em Icaria, Grécia.  Disponível em: https://stringfixer.com/pt/Icarus_(mythology)

24. Dario Fo, de La Storia della Tigre e altre storie. Disponível: https://www.amazon.it/Storia-Della-Tigre-Altre-Storie/dp/B01BQI5O14. 27.04.2022.

25. Dédalo e Ícaro, Álbum. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=p4w2BZXL6S

26. Flight Of Icarus, 1983 ,Iron Maiden  . Disponível em:https://www.ironmaiden.com/discography/singles-and-live

27. Leonardo da Vinci. Disponível em: https://www.elhombre.com.br/leonardo-da-vinci-habito/

28. Leonardo da Vinci. Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/ciencia/140890-leonardo-vinci-500-anos-9-melhores-invencoes-genio-renascentista.htm

29. Leonardo da Vinci. Disponível em: https://super.abril.com.br/ideias/quatro-invencoes-praianas-de-leonardo-da-vinci/

 30.31 - Videos de Berta Isidro

Bibliografia.

Dedalo e Icaro: Historia Para un Laberinto ( 1998). Cerezales,  Agustin; Cerezales,  Manuel;  Cerezales, Silvia, Anaya Comercial.



A NOSSA RECRIAÇÃO:














Exposição na escola:























Presos por Minos, Dédalo e Ícaro

Do labirinto queriam escapar

Por isso pensaram em forma

De de Creta se porem a andar.

 

Minos controla a terra

Minos controla o mar

Mas ainda não controla

O grande elemento ar.

 

Começa, então, o projeto

De Dédalo para voar

É que ele decidiu 

Grandes asas fabricar.

 

Umas asas feitas de cera

Com penas para ajudar

Este plano era

A única forma de escapar.

 

Quando as asas ficaram prontas

Dédalo foi Ícaro avisar

“Não voes perto do Sol”

“Não voes perto do mar”.

 

 

Perto do Sol não voes

Que asas derretem e cais

Perto do Mar não voes

Que se te molhas não voas mais.

 

Assim que voaram

Ícaro sentiu-se atraído

Voou para perto do Sol

O que não fez sentido.

 

Ícaro caiu ao mar

Afogado ele morreu

E tudo porque

A Dédalo não obedeceu.

 

 Martim Teixeira- 8ºD



Guião de Dédalo e Ícaro

Dédalo sentia-se preso com o filho Ícaro, naquele labirinto de Cnossos.  ( as duas figuras ficam atadas e esperneiam para se tentar libertar). Fora ele que o construíra a mando da rainha Parsifae. Posídon fê-la apaixonar-se por aquele touro branco que saíra do mar para que o seu esposo Minos o sacrificasse. Como não o fez, o deus vingou-se. E ele Dédalo é que tinha que fazer todo o trabalho sujo. Tinha engendrado uma toura maravilhosa, na qual a rainha se escondeu e que imediatamente seduziu o touro branco. Desta união, nasceu o monstro, coitado, sem culpa nenhuma! 

Minos o rei que o acolhera, exigia, todos os anos 7 raparigas e 7 rapazes a Atenas, a terra que tinha escorraçado Dédalo. É que cometera um crime! Quando viu o sobrinho a partir de uma espinha de peixe conceber um serrote, ficou cego e quis matá-lo.  (Dédalo segura figura de espinha de peixe e serrote) Não era ele Dédalo o grande inventor?

Fugiu para Cnossos onde concluiu a grande obra do labirinto, no qual Minos encerrou o Minotauro. Custava-lhe ter concebido uma prisão! Quando viu que Ariadne se apaixonou por Teseu, resolveu ajudá-lo  a encontrar o caminho da saída. Deu um fio a Ariadne para que o entregasse a Teseu  (mão masculina entrega fio a mão feminina) para o  desenrolar até encontrar o Minotauro e depois segui-lo em sentido inverso. Assim foi feito. Teseu foi salvo e toda Atenas  ficou livre do tributo. Sentia-se penitenciado por todo o mal causado no passado. Mas estava cativo, também, e com o filho. 

Estamos cercados por mar e por terra, só temos o ar.

- Não somos pássaros – exclamou Ícaro - a exercitar os braços.

- Não somos mas podemos sê-lo- replicou o pai pensativo.

Vou construir umas asas para cada um de nós. Fugiremos a voar, afinal o sonho de todos os homens! Farei umas asas coladas com cera.

Não poderemos voar muito perto do sol, que as derreterá, nem muito perto do mar que as atrairá para o abismo – recomendou  Dédalo.

Isso mesmo pai! – Construímos as asas

Dédalo ajusta as asas em Ícaro. Lançam-se em voo.

No entanto, Ícaro entusiasma-se demasiado e aproxima-se do sol que lhe descola as asas e o lança ao mar. (aproxima-se do desenho do sol e cai ao mar). O pai, Dédalo,  recolhe-o angustiado.

Afinal a sua vitória foi o seu maior falhanço!

Para perpetuar a memória fundou Icária.

 

DÉDALO E ÍCARO




Trabalho realizado por:




Martim Miguel Pinto Teixeira -8º D



Matias de Lima e Neves - 8º D


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